domingo, 1 de maio de 2011
Música, dança e irreverência na periferia !
Junte energia. Some juventude. Bote aí uma pitada de bom humor. Agora, misture tudo isso sob uma batida envolvente. Não esqueça de colocar sensualidade, persistência e muita, mas muita vontade de fazer da música um meio de vida. Eu tô falando de uma galera, que da periferia de Porto Velho, sonha em ganhar as pistas de todo o Brasil. O mais longe que eles já chegaram foi à vizinha cidade de Humaitá, no Amazonas, a cerca de 300 quilômetros de da capital de Rondônia. E eles não desistem. Viver de música ainda é uma utopia. Mas viver com música, aí meu irmão, você pode chamar.
“É melhor fazer música do que fazer assalto, usar droga”. Isso é que disse Djavan de Andrade, 22 anos, ou melhor, MC Wanzinho, o maior nome do dance nacional em Porto Velho. Morador do bairro JK, na zona leste da cidade, o cantor conta que tudo começou quando surgiu a oportunidade de gravar a primeira música (Será que ele é...), em 2002.
E eles são abusados, como se fala por aqui. As músicas de Wanzinho retratam o cotidiano, mas sempre com muita irreverência. “Nós já temos tantas tristezas, acho que a minha música é assim, para você dançar, sorrir, se divertir”. A música de trabalho do grupo é “Tem que ter motor”, que brinca com a velha história de que as meninas preferem os caras que têm carro ou moto, ao invés da galera da bike.
Tem que ter motor
Eu tinha uma mina
E eu gostva muito dela
Ela me deu o fora
Só por causa da magrela
...
Tem que ter
Tem que ter
Tem que ter é um motor
Pra pegar certas gatinhas
Não precisa de amor
Mas nem tudo é só graça para esses meninos. A violência é sempre um desafio para quem mora nos bairros mais distantes do centro de Porto Velho. O grupo de Wanzinho já foi vítima deste mal. Em 2004, um dos seus dançarinos foi assassinado. “Nós ficamos desnorteados, não sabíamos o que fazer”, conta ele, que deu a volta por cima e não desistiu de mostrar que fazer arte ainda é uma das melhores respostas ao crime. “Enquanto isso eu vou fazendo música”, brinca o rapaz, que ainda transparece no sorriso fácil, o jeitão de quem cresceu, mas não deixa de lado o espiríto de criança.
Mas olhe lá, não se engane. O sucesso de MC Wanzinho também é resultado das coreografias feitas no palco por Bruno (21), Jacson (19), Guilherme (17) e Cássio (17). Um dos passos que mais chama a atenção nos show é justamente da música “Tem que ter motor”. Num misto de criatividade e equilíbrio, os rapazes formam uma bicleta no palco, com direito a pedal e tudo.
Sonho
Gravar um CD. Este aínda é o sonho de Wanzinho. Reunir toda sua obra num trabalho simples, capaz de mostrar toda a criatividade da juventude da periferia de Porto Velho. “Nós já juntamos tudo, e pretendemos ainda este ano ir para o estúdio para gravar nosso primeiro trabalho”, afirma
' Mais que perfeito! Mesmo que eles vivam em um lugar onde nem da pra imaginar que possa crescer arte, felicidade e um mundo separado das drogas, eles persistem no sonho e mostram que são muito melhores que várias pessoas que têm tudo, reclamam de tudo e vivem sem perceber o privilégio que receberam..! São mais do que exemplos, sao lição de vida!'
Isabela Marton.
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